quinta-feira, setembro 23, 2010

Outra vez a Literatura...

Nunca me cansarei dela.

Mas hoje não vou usar as minhas palavras. Vou colocar aqui as categorias estabelecidas por Ezra Pound, no ABC da Literatura, que não se aplicam só a esta, mas a qualquer expressão artística. São fundamentais para quem lê. Ei-las:



1. Inventores
Homens que descobriram um novo processo ou cuja obra nos dá o primeiro exemplo conhecido de um processo.

2. Mestres
Homens que combinaram um certo número de tais processos e que os usaram tão bem ou melhor que os inventores.

3. Diluidores
Homens que vieram depois das duas primeiras espécies de escritor e não foram capazes de realizar tão bem o trabalho.

4. Bons escritores sem qualidades salientes
Homens que tiveram a sorte de nascer numa época em que a literatura de seu país está em boa ordem ou em que algum ramo particular da arte de escrever é "saudável". Por exemplo, homens que escreveram sonetos no tempo de Dante, homens que escreveram poemas curtos no tempo de Shakespeare ou algumas décadas a seguir, ou que escreveram romances e contos, na França, depois que Flaubert lhes mostrou como fazê-lo.

5. Beletristas
Homens que realmente não inventaram nada, mas que se especializaram em uma parte particular da arte de escrever, e que não podem ser considerados "grandes homens" ou autores que tentaram dar uma representação completa da vida ou da sua época.

6. Lançadores de modas
Sem maiores comentários.
Enquanto o leitor não conhecer as duas primeiras categorias, será incapaz de "distinguir as árvores da floresta". Ele pode saber de que "gosta". Ele pode ser um "verdadeiro amador de livros", com uma grande biblioteca de volumes magnificamente impressos, nas mais caras e vistosas encadernações, mas nunca será capaz de ordenar o seu conhecimento ou de apreciar o valor de um livro em relação a outros, e se sentirá ainda mais confuso e menos capaz de formular um juízo sobre um livro cujo autor está "rompendo com as convenções" do que sobre um livro de oitenta ou cem anos atrás (p.43).




POUND, Ezra. ABC da Literatura. Tradução: Augusto de Campos e José Paulo Paes. São Paulo: Cultrix, 1973.

Um comentário:

Marcelo disse...

Agora, por incrível que pareça,acho que épossível existir maestriaem todas as categorias. Por e3xemplo, acho que Bach foi um Mestre Diluidor. Ele nãoinventou nada, mas ele levou todos os paradimas estéticos que lhe caíram em mãos e oslevou a um paroxismo musical com uma lucidez e uma capacidade de síntese e de insight que os inventores não tiveram.